No mês em que se comemora o Dia Nacional do Surdo (26/09), a pomerodense Bruna Iara Weiler, de 25 anos, pôde celebrar mais uma conquista. Deficiente auditiva, ela finalizou em setembro sua carteira de motorista, um desejo que tinha desde que completou 18 anos.
Na época, não conseguiu colocar o sonho em prática por não ter intérprete disponível.
Mesmo assim, aguardou ansiosamente o momento em que poderia correr atrás da sua independência. “Quando ela nos contou que gostaria de fazer a carteira, ficamos muito felizes, sempre incentivamos ela em tudo”, revela a mãe, Magrit Oestreich.
Bruna, então, decidiu fazer a carteira somente para carro, já que não gosta de motos. “Durante as aulas teóricas, as intérpretes Noemi e Lisbete me acompanhavam e consegui entender bem. Na prova escrita, que foi em Blumenau, não consegui fazer de primeira, aí tive que repetir e consegui”, explica.
Já para as aulas práticas, ela não teve ao seu lado as intérpretes, mas conta que a comunicação com o instrutor foi tranquila. “Ele não sabe libras, mas soube me explicar bem. Escrevia no celular para me passar as orientações e, como eu entendo leitura labial, conseguimos nos entender bem.”
Sobre a prova prática, Bruna lembra o momento. “Eu estava bem calma, nem um pouco nervosa e consegui fazer de primeira. Estou muito, mas muito feliz por ter conseguido mais essa conquista. Agora, meu sonho é comprar meu carro”, expõe.
O pai de Bruna, Rogério Weiler, destaca que incentivo nunca faltou dentro de casa e, neste momento, não seria diferente. “Ela sempre foi uma filha maravilhosa, decidida e focada nas coisas que almeja. Quando ela me mandou mensagem dizendo que tinha passado na prova escrita, eu já fiquei muito emocionado. No entanto, quando me avisou que também conseguiu ser aprovada na prova prática e que tinha realizado mais um sonho, o pai orgulhoso e feliz não conseguiu segurar as lágrimas de emoção. Filha, parabéns por ser essa pessoa muito especial, o pai te ama.”

Sentimento também compartilhado pela mãe. “É muito emocionante ver a coragem dela e a determinação de fazer as coisas e se tornar cada vez mais independente. Confesso que no dia da prova eu estava mais nervosa que a Bruna. Me emocionei muito quando vi a felicidade dela depois que saiu do carro”, completa Magrit.
Para Bruna, a maior dificuldade enfrentada pela comunidade surda é a falta de profissionais capacitados nas instituições públicas e privadas. “Além do pouco conhecimento sobre a identidade, a cultura surda e a língua de sinais. O que eu diria para as pessoas surdas é para que não desistam, corram atrás dos direitos e lutem sempre.”
Por fim, ela deixa um recado especial para todos que fizeram com que esse desejo pudesse se tornar realidade: “Quero deixar meu agradecimento à Autoescola Testo por ter me proporcionado essa oportunidade; agradecer ao instrutor Diego Thurow pela paciência de ter me ensinado; também à Lisbete e Noemi por terem me acompanhado no curso; ao professor do curso, Felipe Melo; e a todos que me ajudaram na realização desse sonho e me levaram até a autoescola pra eu poder aprender. Muito obrigada!”