Destreza manual é algo com que não fui agraciada. Motivo pelo qual atividades como auto maquiagem, manicure, penteados e assim por diante me são muito difíceis. Mas eis que as meninas do jornal tiveram a ideia de todas pintarem as unhas na cor azul para o dia seguinte, no intuito de celebrar o aniversário do jornal (faz duas semanas).
A vontade de admitir ser essa uma tarefa impossível foi grande, mas, no espírito de equipe, as palavras que saíram da minha boca foram: ah, eu não tenho esmalte azul, mas vou passar e comprar antes de ir para casa. Pronto, compromisso assumido é coisa séria, portanto, eu tinha que dar um jeito de pintar as benditas unhas de azul.
A desgraça começa pelo fato de que fui fazer as “coisas da casa” quando cheguei e acabei esquecendo de me focar no verdadeiro desafio da noite. Dito isso, estava de pijamas e pronta pra deitar na cama quando lembrei, às 23h: ih, as unhas!
Bom, lá fui eu. Máxima cautela na hora de tingir as benditas para evitar ao máximo a tragédia que sempre se segue às minhas tentativas falhas de economizar na manicure. Para mim, a parte difícil desse processo se dá no momento de limpar o excesso de esmalte que escapa para as bordas, com o famigerado palito de unha. Instrumento desgraçado!
Estava já na quarta unha da mão esquerda quando a desgraça do palito escapou pro meio da unha. Ao susto que se seguiu, bati nas unhas de dois dedos da outra mão. Aí virou uma carroça desembestada descendo a ladeira. Pensei: vou tirar o esmalte dessas três unhas e aplicar novamente (hahahaha). Pensa num esmalte feito para transformar pessoas em Smufs.
Aquele “azul Testo Notícias” espalhou pelos dedos e palma da mão. Quando eu tentei tirar com um algodão limpo besuntado em acetona, foi-se o restante das unhas. Entrei num estado de raiva inexplicável. Quando mais eu tentava tirar o azul, mais azul ficava. Aí eu decretei mentalmente: vou pintar mais naba nenhuma.
Deitei na cama, furiosa, cuspindo fogo pelas ventas. Mas lembrei da promessa feita. Levantei, respirei fundo e reiniciei o processo. Deu certo? Mais ou menos! Ficou bonito? Não! “Tava” de unhas pintadas em azul? Ah, se “tava”!
Além de terminar pra lá da meia-noite e ter que dormir com as mãos para fora da coberta na tentativa de não piorar ainda mais a situação, na manhã seguinte ainda tinha as palmas das mãos e as costas dos dedos na cor Smurf, mas ela foi sumindo no decorrer do dia. Para cada pessoa que dizia: nossa, que cor bonita! Eu retrucava: não quero falar sobre isso, só pra passar raiva!