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Morador de Pomerode sobe Monte Everest

Lúcio De Bem, que completou a experiência em abril de 2022, fala sobre preparação e vivência

No dia 6 de abril teve início um momento ímpar da vida de Lúcio De Bem, de 62 anos. Foi nessa data que ele deu o primeiro passo para concretizar um sonho: subir o Monte Everest. Com a mochila pronta para a aventura e muita coragem, saiu de Pomerode em direção a Navegantes, onde pegaria um voo para São Paulo e, de lá, fizesse conexão em Dubai para chegar em Katmandu, capital do Nepal. Depois de ficar dois dias na cidade para se ambientar, foi a vez de pegar um avião bimotor para chegar ao aeroporto de Lukla, principal acesso aéreo para quem deseja visitar o Monte Everest e que tem cerca de 2.845 metros de altitude.

De acordo com Lúcio, esse também é um dos aeroportos mais perigosos do mundo, o que causou certo nervosismo já na chegada. “Só ali já é um parto, é muito terrível, a viagem é enjoativa, o avião balança muito e, de repente, ele desce no meio das montanhas. Tudo isso é o que leva as pessoas a irem para lá, esse perigo da morte, tanto de chegar lá no topo do Everest quanto o caminho em si”, explica. É nesse espírito que inicia o Trekking ao Campo Base do Everest, que tem 11 dias de duração.

Cada dia era destinado a subir até um vilarejo e foi assim que passaram por Monjo, Namche Bazar, Tengboche, Dingboche e Loubuche. No sexto dia, foi vez de subirem até o Campo Base do Everest, localizado a 5.364 metros de altitude. Durante a caminhada, Lúcio também subiu outras três grandes montanhas. “As paradas existem para aumentar a altitude aos poucos. Na subida, caminhamos um total de 138 km, uma média de 23km por dia. Geralmente, começávamos às 7h, andávamos até o meio-dia e já dava quase metade do percurso. Comíamos algo, andávamos a outra a metade e acabava o dia.”  

O Campo Base fica a cerca de 3.205 metros do cume do Everest, ou seja, o ponto mais alto. No entanto, ele só pode ser escalado mediante a compra da permissão do Governo do Nepal, que custa 30 mil dólares, valor necessário para cobrir todas as despesas e possível ajuda médica. Além disso, é preciso ficar mais 40 dias na base para a ambientação e também esperar o momento exato do tempo para subir com segurança. “Pelos valores exigidos e tempo de espera, com certeza posso considerar ter conquistado a montanha, mesmo porque o acesso até sua base é realmente um desafio gigante”, destaca.

Na noite da chegada ao campo base, Lúcio foi acordado por uma mulher que estava passando mal na barraca ao lado e chamou ajuda para ela, que foi levada de volta na manhã seguinte, de helicóptero. Com isso, o medo se instalou em sua cabeça e começou a pensar que não conseguiria terminar o percurso. “Mas aí um dos guias me falou que eu estava bem e que era só psicológico, porque, se você pensa no caminho da volta, nunca mais quer fazer isso.”

Foto: Arquivo pessoal

Quando acordou, já mais tranquilo, aproveitou para fazer fotos do dia lindo que estava fazendo e também contemplar a montanha. Mesmo assim, o desafio não parava por aí e, para quem acredita na frase que diz “para baixo todo santo ajuda” é porque nunca desceu o Monte Everest. “O primeiro dia foi uma catástrofe. ‘Descer’ é modo de dizer, porque você desce 500 metros e sobre mais 1.000. Depois, quando baixou a altitude, aí eu virei um super-homem, eu chegava a correr”, explica.

Lúcio ganhou a viagem de seu filho mais velho, Luiz Felipe Eischtaedt De Bem, que, em 2014, também realizou o Trekking ao Campo Base do Everest. Em 2019, ele ofereceu a viagem para o pai, que deveria ter ocorrido em 2020. Infelizmente, devido a pandemia, ela precisou ser adiada por dois anos, mas, quando ocorreu, Lúcio recebeu muitas dicas do filho. “Ele tinha me falado sobre a descida, que eu me desesperaria, mas que quando descesse o segundo dia me sentiria forte. E não deu outra, foi uma beleza. Se eu não tivesse descido, teria me arrependido pelo resto da vida”, conta emocionado.

No 11º dia de caminhada, ele chegou ao destino final. Foram 285 quilômetros no total e muita superação, desafios e emoção ao longo do trajeto. “Foi legal e sofrido ao mesmo tempo, não sei explicar… Me sinto muito bem de ter completado, principalmente pela idade, não é um fator negativo, mas para ter chegado lá com essa idade foi muito bom. Sempre cuidei do meu corpo, faço bastante atividade física, me senti bastante agradecido por Deus me dar essa saúde.”

O retorno para Pomerode ocorreu no dia 25 de abril e, agora, ele aguarda a chegada do diploma do Governo do Nepal, que certifica os que conseguiram completar o trekking. Para os que querem passar pela mesma experiência, o conselho é simples: “As pessoas têm que procurar o sonho delas e, se esse é o sonho, é preciso se preparar.”

Por fim, ele deixa um agradecimento especial a todos que ajudaram nessa jornada: “Agradeço à ‘Expedições Grade 6’, guia Carlos Santalena; ao meu grande treinador e amigos particulares, José e Márcia Avancini, e toda a equipe da Academia Água Doce pelo desempenho que me impuseram; à fisioterapeuta Amanda Schulup Maass da Fisiolife, a qual teve papel fundamental também em deixar meu corpo em harmonia e extinguir dolorosas tensões musculares; a todos os amigos e conhecidos pelas boas vibrações; e aos meus colegas de trabalho da Prefeitura de Pomerode. Em especial, agradeço aos meus filhos Larissa, Mateus e família, e ao meu grande ‘sherpa’ Luiz Felipe, que me proporcionou esta aventura ‘imortal’, obrigado Lipe; as minhas enteadas Jéssica Félix e Thaís Félix e ao meu também neto Caue. E, de uma maneira muito especial e com muito carinho, à minha incentivadora, parceira solidária e amorosa Edrimara Félix, te amo. Por fim, agradeço aos meus pais Jaime De Bem e Francisca Ferreira De Bem (in memorian) e à Deus, em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, que nos levou e trouxe em seus braços!”.

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