Todos nós carregamos conosco medos que surgem na infância, sejam eles provados pela ciência ou não. Além do pouco apreço por serpentes (cobras, como a gente chamava no interior de Ascurra qualquer que fosse a procedência do bicho rastejante) e aranhas (culpa do filme Aracnofobia) desenvolvi um honesto e incurável medo de fantasmas (mais conhecidos como espíritos).
Esse temor fica adormecido por longos tempos, mas é só surgir uma situação que eu defino como: “será que?”… Que ele reaparece com força total. Nessa semana, esse medo foi responsável por uma noite em claro. Estava eu naquele estágio pré-sono, só meio consciente, sabe? Quando, do nada, a televisão que fica em nosso quarto ligou, DO NADA! Primeiro, a luz emanada pela tela foi mais suave, pensei que havia esquecido o celular ligado. Depois, um baita clarão assim que a dita cuja sintonizou o Menu Principal. Credo em cruz!
Fiquei paralisada por alguns segundos olhando pra tela, depois peguei o controle remoto, que estava no apoio da base da cama em formato de tatame, e desliguei o instrumento de pavor que se tornou aquela bendita TV. Eu bati no controle sem querer? Não! Eu estava virada para o lado oposto e, nem que eu quisesse, minha mão alcançaria naquela parte da base sem motivo. Eu programei a TV pra ligar? Sei lá, só se foi sem querer, e bota sem querer nisso, pois nem sei usar esse recurso! Por que um fantasma ligaria a TV? Pra se divertir, talvez! Eu sei que não faz sentido. Mas será que?
Só sei que não dormi mais. E nada como o medo pra aguçar os sentidos. A geladeira começou o processo de degelo, um pulo na cama! A Belinha (minha catiora) passou correndo na brita, outro pulo na cama! Meu noivo respirou fundo do meu lado e fez um som estranho, três pulos na cama!
Falando nele, por que não o acordei pra me acalmar? Porque sou uma mulher crescida e posso lidar com isso, independência pura. Essa maturidade ajudou em alguma coisa? Não, em nada, tô com medo até agora! Enfim, as pessoas já me enumeraram uma série de motivos científicos pra televisão ter ligado SOZINHA de madrugada (eu compartilhei a experiência de pavor com os colegas do jornal, algum engraçadinho citou a Samara, graça nenhuma não!). Mas será que? Valha-me Deus!
