Uma construção de contornos diferenciados, pequena no tamanho, mas gigante nas suas histórias. Construída em 1898, a Casa de Taipa parece dar ainda mais charme para as paisagens bucólicas da Rota do Enxaimel, em Testo Alto.
O que poucos sabem é que ela é o único exemplar de Pomerode e um dos raros modelos no Brasil dessa arquitetura que une a técnica enxaimel, preenchida por taipa rebocada.
Outro detalhe curioso é que na época não eram usados pregos de metal porque eram muito caros. Então se usavam pregos de madeira, também conhecidos hoje por cavilha, serviam para fazer o travamento de toda a estrutura de madeira.
Foi do imigrante alemão Karl Köhn a missão de construi-la para abrigar a família na propriedade rural. “A madeira em si, é tudo encaixe, não eram usados pregos para fazer as estruturas das casas. Ao redor das estacas de madeira era preparada uma massa que leva em sua base o barro vermelho, capim seco, sem que pegasse o sereno da noite, para que ele não apodrecesse com o tempo”, explica Ronald Jandre, atual proprietário.
Originalmente, a casa era coberta por telhas de madeira, que foram substituídas por telhas colocadas de modo escamado na década de 1930, quando também recebeu os primeiros reparos e ampliação do “anexo”, onde passou a ficar a cozinha. E assim a construção permaneceu imponente, abrigando várias gerações até o ano de 1985, quando a família se mudou para a casa nova, na mesma propriedade, ao lado da antiga.
Então, a Casa da Taipa, também conhecida como Casa Lümke, ficou fechada até receber a tão aguardada obra de restauro, que ocorreu entre 1996 e 1997. Para Ronald, que participou do processo de reforma, mantê-la da mesma forma que em 1898 foi um desafio extra. “A casa foi mantida da forma como era naquela época, com todos os traços originais. Tínhamos que colocar a massa, feita da mesma forma que há cem anos. Lembro que na mistura da reforma acrescentamos também um pouco de esterco de vaca e areia.”
O restauro era um sonho antigo de Helmuth Lümke, proprietário da Casa de Taipa na época e sogro de Ronald. O aposentado era um entusiasta das memórias e lembranças guardadas no local. Para ele não eram apenas paredes, mas a história da família que precisava ser contada também para outras pessoas.
E foi assim que o simpático senhor abriu as portas da Casa de Taipa para receber os visitantes.
Todos os dias aguardava ansioso por eles para mostrar objetos antigos, falar da construção e mostrar um pouco do modo de vida da família. “E ele nunca cobrou nada de ninguém, deixava apenas uma caixinha para contribuições espontâneas. Meu sogro ficava contente em receber e, algumas vezes, até esperava os turistas chegarem. Ele gostava muito de conversar com as pessoas”, relembra Ronald.
Quando Helmuth faleceu, as portas da Casa de Taipa se fecharam para os visitantes, mas ficaram muitas recordações daquele tempo de luz e alegria, que despertam em Ronald um sentimento de talvez retomar, em um futuro não muito distante, o trabalho que fez os últimos dias de Helmuth serem muito felizes. “Não vou dizer que nunca mais a abriremos para os visitantes, mas precisamos de apoio para uma nova reforma e também para começar. Essa casa é muito importante, ela vai completar 124 anos que ajudam a contar a história de Pomerode. Isso é algo que nos enche de orgulho, assim como deveria ser para todos os pomerodenses”, finaliza.
Nota: Assim como ocorre em muitos sobrenomes de descentes de imigrantes em Pomerode, Ronald afirma que há divergências na escrita de “Köhn”, que deveria ser escrito como “Köehn”, e “Lümke”, que teria a forma correta de escrita para “Lüemke”.
