As lágrimas que acompanham Edrige Mercius, de 37 anos, no dia a dia muito em breve podem se transformar em largos sorrisos e doses de esperança, graças à solidariedade de colegas de trabalho, amigos e desconhecidos que tiveram seus corações tocados pelo desejo de um reencontro entre pais e filhos.
Há dois anos, ela embarcou do Haiti rumo ao Brasil para encontrar o esposo, Copain St Hilare, de 39 anos, que já está por aqui há cinco anos. Eles vieram em busca de novas oportunidades, com o objetivo de deixar o desemprego para traz e construir uma vida melhor. No entanto, grande parte do coração do casal acabou ficando na terra natal, junto com os filhos Penderson, de 12 anos, e Mislancie, de nove.
O casal trabalha no Hotel Fazenda Casarão do Vale, em Massaranduba, e foi justamente a equipe do local que percebeu a aflição vivida por eles. Um dos sócios do empreendimento, Frank Utech, conta que após saber e notar que Edrige chorava diariamente em seu posto de trabalho, “fomos conversar com ela para saber o motivo e, como ainda tem dificuldades de falar o português, chamamos o Copain para participar. Ele nos contou que ela adora o Brasil, mas quer voltar para o Haiti, pois não aguenta mais de saudades dos filhos”.
As crianças estão morando com a avó, o pai não os vê desde que veio para o Brasil, assim como ocorre agora com a mãe. O mais difícil durante esse tempo tem sido a árdua tarefa de suportar a falta da presença física e do abraço, tanto para os pais quanto para os filhos. “As crianças choram diariamente quando fazemos chamadas de vídeo”, contam.
Apesar de saberem que o casal tinha filhos, Copain e Edrige nunca haviam exposto sobre o desejo de trazê-los ao Brasil ou a dificuldade que estavam enfrentando para que isso ocorresse. A situação comoveu todos ao redor, que decidiram arregaçar as mangas e iniciar uma grande corrente de solidariedade. Frank explica que o casal levantou os custos com despesas de viagem e documentação legal, um total de cerca de R$ 50 mil. “Além das passagens das crianças, o Copain terá que buscá-los, o que dará quatro passagens no total. E tem os custos legais que naquele país são extremamente caros. Enfim, eles nos abriram algumas economias, auxiliamos com alguns valores e colocamos nossa estrutura a disposição, tanto jurídica quanto pessoal, em seguida decidimos criar a vaquinha para expandir a oportunidade das pessoas conhecerem a causa”, revela.

Para Copain e Edrige, a receptividade de todos, conhecidos e desconhecidos, foi emocionante. “Já existem 200 doações, o valor para ir até o Haiti buscar as crianças é alto, nós guardarmos dinheiro todo mês e com este apoio agora poderemos ver nossos filhos novamente e morar com eles aqui no Brasil.”
A expectativa é de que em cerca de três meses seja possível reunir a família. Algumas questões legais ainda precisam ser solucionadas, mas o hotel em que eles trabalham cedeu os advogados para ajudar nesse quesito. Enquanto isso, a saudade que está grande é amenizada pela esperança de logo sentir de novo o calor do abraço afetuoso dos filhos. Quando as crianças chegarem, o casal pretende apresentá-los aos colegas de trabalho e, se a pandemia permitir, fazer uma pequena recepção para comemorar essa chegada tão esperada.
Para ajudar
Se você deseja contribuir, o link para a vaquinha é: https://www.vakinha.com.br/r/2601728/8954364
Frank conta que ainda falta uma quantia para finalizar a ação. “Pedimos para que as pessoas conheçam a história desse casal e deixem sua contribuição, tudo que doamos com o coração Deus nos devolve em algumas vezes mais.”
Copain e Edrige agradecem a todos que já contribuíram. “É muito difícil vir de um país como o Haiti e se estabelecer em outro novo, somos gratos porque temos um bom emprego, patrões honestos e amigos de trabalho que querem nosso bem. Agora aumentou a quantidade de pessoas que querem o nosso bem, tem pessoas doando que nunca ouvimos falar, eles nos mandam mensagens que nos ajudam a fortalecer dia a dia. Estamos animados, pois sabemos que juntando apenas o que sobra do nosso salário um dia conseguiríamos trazer eles, mais iria ainda demorar um pouco, agora não, tudo parece que será mais rápido”, ressaltam.
Para a equipe do hotel fazenda, ver a família reunida será gratificante. “Se tornou uma luta pessoal nossa. Ajudar o próximo é algo muito especial, como lideres eu e Jonathan (Roloff, sócio) sempre procuramos auxiliar nossa equipe, o que estiver ao alcance a gente faz, e isso estava ao alcance”, finaliza Frank.