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Wally Schlüter lembra de um tempo em que as mulheres não votavam

Aos 90 anos de idade Wally Schlüter é de um tempo em que os direitos das mulheres praticamente não existiam. A pomerodense que hoje vive no Centro de Convivência Pommernheim tinha apenas 10 anos quando as mulheres ganharam no Brasil o direito de voto, conquistado em 24 de fevereiro de 1932.

Mesmo com o direito de voto garantido, Wally afirma que não votava no início porque falava pouco a Língua Portuguesa. “Diziam que não precisava votar porque não falava bem o português, mas eu sempre quis participar com meu voto de uma eleição e escolher meu candidato”. Sem lembrar exatamente quando, mas nas primeiras vezes que votou determinada disse: “Sou de origem alemã, mas nasci no Brasil e sou brasileira, então quero votar”.

Para Wally a mulher tem que ter os mesmos direitos, nem mais nem menos, pois também tem capacidade e inteligência. Os candidatos que escolhia, durante as eleições na cidade, ela não contava quem eram os e escolhidos. Nem os filhos sabiam em quem ela votava. “O voto é secreto, não é? Então eu escolhia meu candidato. Hoje não voto mais”, confessa.

O voto feminino é resultado de um longo processo de luta pela participação das mulheres na política. No Brasil, as mulheres passaram a ter direito ao voto nas eleições nacionais a partir de 24 de fevereiro de 1932 (durante a Era Vargas). Contudo, desde o século XIX, movimentos a favor da ampliação do direito de voto a camadas sociais excluídas já ocorriam. A Nova Zelândia foi o primeiro país a garantir o direito de voto às mulheres, em 1893.

Foto: Arquivo Testo Notícias

Após a proclamação da república, durante a elaboração da primeira Constituição, em 1891, houve discussões sobre o voto feminino, porém, o texto final acabou não prevendo o direito, mas também não o proibia.

Para Wally, no início ficou claro o medo da participação política das mulheres, de sua ingerência nos negócios, pois os homens não admitem a partilha de poder em todas as áreas.

Alguns Estados brasileiros tomaram a frente do processo: em 1927, o Rio Grande do Norte alistou sua primeira eleitora e, em 1929 foi eleita a primeira prefeita no Estado. Em 1932, o Código Eleitoral Provisório finalmente definiu como eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo.

Direito de voto às mulheres

Em 1893, na Nova Zelândia, as mulheres conquistaram o direito ao voto, pela primeira vez no mundo. Em 1918, a Alemanha e o Reino Unido adotaram o sufrágio feminino, que só chegaria à França, Itália e Japão no ano de 1945.

No Brasil, o Código Eleitoral Provisório instituiu o voto feminino em 1932, mas era restrito às mulheres casadas, viúvas e solteiras com renda própria. Dois anos depois (1934) as barreiras caíram e todas podiam votar, mas o voto só era obrigatório aos homens. Apenas em 1946 a obrigatoriedade se entendeu às mulheres.

As restrições ao pleno exercício do voto feminino só foram eliminadas no Código Eleitoral de 1934. No entanto, o código não tornava obrigatório o voto feminino. Apenas o masculino. O voto feminino, sem restrições, só passou a ser obrigatório em 1946. Alzira Soriano foi eleita prefeita de Lajes (RN) em 1928.

O direito ao voto feminino começou pelo Rio Grande do Norte. Em 1927, o Estado se tornou o primeiro do país a permitir que as mulheres votassem nas eleições.

Naquele mesmo ano, a professora Celina Guimarães – de Mossoró (RN) se tornou a primeira brasileira a fazer o alistamento eleitoral. A conquista regional desse direito beneficiou a luta feminina da expansão do “voto de saias” para todo o país.

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