Pare, olhe, pense
Cuidado, a canoa pode estar furada. Antes de entrar no assunto que me traz até você, preciso dar umas voltas. Dar umas voltas e repetir: cuidado, a canoa pode estar furada.
De início, já dou um aviso, o cuidado deve ser tomado diante dos modismos, das “inovações”, das novidades que vivem chegando aos mercados, tanto aos mercados de negócios quanto a nós, pessoas.
Acabei de fechar o Estadão (não quero imaginar que alguém me pergunte o que é Estadão…) e fechei-o coçando o queixo. Acabara de ler uma entrevista com um professor de Direito Econômico da Fundação Getúlio Vargas. E o cidadão fez uma manchete, esta: – “Será bem-sucedido quem se reinventar constantemente”. Lida no correr dos olhos, a manchete pode-nos induzir à grave erro. Quem se deve “reinventar” constantemente são os produtores de tecnologia, não nós, humanos. Então, vamos lá, vamos descer aos nossos porões…
Se você for jornalista ou, digamos, advogado, qual foi a última vez que você consultou o dicionário em busca de uma “nova” palavra? Se a resposa for maior que 24 horas, você está atrasado profissionalmente, não se “reinventou” para a qualificação. E o “doutor”, de chaleco branco, todo metido, qual foi a última novidade médica/científica que lhe chegou ao saber? Também aqui, se a resposta estiver acima de 24 horas, bah, que os pacientes nem cheguem perto… Não, não estou sendo indelicado, digo a mais sacrossanta das verdades. Essa história do se reinventar não é nova, é do surgimento do mundo. Mas que fique claro, se reinventar não é mudar de estilo, não é mudar o visual, as roupas, nada disso. É simplesmente estudar, buscar saber mais e fazer mais e melhor o que costumamos fazer. “Só” isso. Todavia, a estupenda maioria que anda por aí, quase que digo a estúpida maioria, não faz nada de um dia para outro no sentido de apurar-se qualitativamente.
Em tecnologia sim, as empresas precisam se reinventar no sentido de se atualizar com máquinas e processos. Pessoas, todavia, que se reinventam em mudanças nas suas “diagramações” são, na verdade, bobonas da corte.
Se você tem um estilo de trabalho, atualizado e que produz resultados, não mude, “melhore-se” sabendo mais e mais e nisso estará a sua reinvenção. Mudar o penteado é moda de mulheres, mudar a personalidade, ou tentar, é coisa de abobados-da-enchente…
AMOR
Quando duas pessoas se amam não se separam. Quando há separação uma delas não amava, afinal, sabe-se que quem ama não trai, por exemplo. – Ah, mas os homens traem mesmo amando, dizem alguns boca-abertas. Não creio, e se ela descobrir uma traição, fim de caso, fim, na hora. E outra coisa: separou não se juntem mais, não vai dar certo. É estatística mundial, separou vire a página. Certo? Acho muito bom.
TEMPO
Sou contra “mexidas” no rosto para ficar mais jovem. Vi ontem fotos de uma “política”, não é brasileira, que está “deformada” pelos retoques que fez no rosto em muitos anos. Um horror. Será que ela não sabia disso? É como tatuagem. A tatuagem de um passarinho quando a pessoa é jovem vai virar a tatuagem de um morcego na velhice… Rejuvenescer? Na cabeça.
FALTA DIZER
Impossível o Brasil sair do buraco. Dia destes comentei que só 17,7% dos municípios brasileiros têm “uma” livraria… E agora, o instituto Atlas da Notícia nos faz saber que 62,6% das cidades do país não têm um veículo sequer de rádio, jornal, site ou televisão. Quer dizer, informações zero e conhecimentos perto disso. Buraco sem fundo. Uma multidão de ignorantes. Horror puro!
