Duas frases
Faz muito tempo instalei parabólicas em cima das minhas orelhas, afinal, a atividade nos exige orelhas apuradas. E isso faz bem. Escutar, você sabe, é mais que ouvir. Ouvir todos ouvem, basta não ser surdo, mas escutar é outra coisa. Escutar é jogar a mente sobre o que escutamos. E isso nos “enriquece”…
Ontem ouvi duas frases interessantes. A primeira veio de um economista que falava numa rádio de São Paulo. Ele foi direto: – “Vamos ter o melhor Natal dos últimos cinco anos”. Melhor Natal em que sentido, “doutor”? Ora, no único sentido que faz bem ao capitalismo: consumismo, mais dinheiro circulando, mais pessoas comprando e dando presentes… Sim, mas isso significa um “melhor” Natal? Já disse, para os consumistas, para os levianos, sim, será um belo Natal. Charlatães da vida…
A outra frase que ouvi fez-me cofiar (é cofiar mesmo) meus bigodes imaginários… Um amigo de muitos anos, um, digamos, veterano, para não chamá-lo de idoso, suspirando, disse que tinha muitas saudades dos natais vividos em família, uma família que ele disse não ter mais…
O cidadão, voltando os olhos para o passado, dizia que tinha saudades dos natais com a família, – “Éramos pobres, dizia ele, os presentes trocados no Natal eram baratos, muito mais simbólicos que outra coisa… “Eu era muito feliz, enfatizava o cidadão, hoje o Natal e nada é a mesma coisa para mim…”. Mais ou menos isso, suspirava ele. Fiquei pensando.
Não raro, todos nós, mais cedo ou mais tarde, vamos suspirar uma saudade, ou por que não estávamos “acordados” nos nossos bons momentos do passado ou porque não os víamos como bons momentos, o que refina a estupidez. Precisamos saber dos momentos de sermos felizes…
Maioria das pessoas que anda (m) por aí têm no Natal uma noite de frivolidades, trocas vazias de presentes, mas… Por dentro, muitíssimos gostariam de sumir na noite feliz. Por quê? Frustrações de todo tipo e expectativas frívolas diante dos “presentes”…. Esquecem, quase todos, que a mensagem do Cristo no Natal é de humildade e “pobreza”, uma pobreza que se deve compensar com a felicidade da riqueza da alma e dos sentimentos. Para poucos, bem poucos.
Mas não esqueço do “veterano” que suspirava de saudades dos natais dele em família pobre, com presentes pobres, mas… Feliz. Duvido que alguém suspire de saudade senão pela felicidade…
TATO
Sensibilidade e educação têm um sinônimo: tato. Não faz sentido alguém “pedir” este ou aquele presente de Natal. – “Ah, mas é uma criança, Prates”! Mais uma razão. Crianças têm que ser educadas para agradecer presentes recebidos, jamais pedi-los. O que fazem os pais mimimis? Ouvem os pedidos e dão o que foi pedido. Estão educando futuros oportunistas e dengosos existenciais. Não os quero chamar de futuros “lava-jatinhos”…
ELA
Nunca ouvira falar dela, mas um site a destacava como atriz. A tal atriz (atrizinha) havia postado fotos dela numa lingerie “daquelas”. Foi muito criticada. Defendendo-se, ela disse: – “Não deixes ninguém mandar no teu corpo”. Concordo, “atrizinha”, mas também é verdade que as pessoas precisam se respeitar. Roupas, cabelos, adereços e fala revelam personalidade e babacas.
FALTA DIZER
Vou repetir o que já disse aqui miríade de vezes. É preciso que eles e elas saibam que não se podem expor com roupas “menores” ou indecentes – posar sem camisa é coisa de tosco, por exemplo – isso tudo se reflete sobre a imagem da empresa onde esses tipos trabalham. Ou boa compostura ou olho da rua, é o que costumo dizer em minhas palestras.