Me dá um café!
Ele atende pelo nome de Christian, é australiano e professor de inglês na internet, mora em Londres. Volta e meia eu o escuto para afinar o “listening” e ouvir a “palestra” que ele faz. Interessante.
Na aula de ontem, Christian estava falando sobre a linguagem formal e a informal. Ocorre que para os de fala inglesa quase sempre a linguagem usada é daquela que para nós, latinos, costumamos chamar de formal. Nós, latinos, somos da cabeça aos sapatos informais, não quero dizer tostos, indelicados, grossos, não, não quero dizer isso, até porque há exceções. Exceções, não mais.
Um dos exemplos que Christian deu foi de como povos diferentes se comportam de modo diferente num bar, numa cafeteria, por exemplo.
Nós, latinos, chegamos dizendo – Me vê um café! Ou, então, – Me dá uma média com leite! Mais ou menos assim, regra geral. O sujeito que chega, o freguês, trata quem está atrás do balcão como um seu empregado, como se empregados devessem ser assim tratados…
Já um inglês, ou mesmo um americano, chega ao mesmo bar e diz – Olá, tudo bem? Por favor, uma xícara de café preto! Mais ou menos isso, nas traduções que fiz. – Ah, e o professor Christian disse ainda que mesmo que a pessoa seja velha conhecida da casa, freguês dos antigos, chega sempre do mesmo jeito, gentil e fazendo pedidos com as gentilezas ditadas pela boa educação. Mesmo que seja freguês antigo e conhecido, frise-se mais uma vez.
E aqui entre nós? No ambiente de trabalho, por exemplo, preciso do grampeador, me viro para a colega ao lado e ergo a voz: – Fulana, me dá daí aí o grampeador! Ou – Fulana, me atira o grampeador! Frases de sentença condenatória, tu não terás como escapar, estou te dando uma ordem, esquecendo que te peço um favor…
E em casa, marido e mulher? Bah, um horror, a começar pela porta do banheiro que não raro é deixada aberta quando um dos dois o está usando… Cruzes! Além disso, é costume a perda total do respeito e “distância” que deve haver entre o casal, os parceiros. Linguagem de cerimonial de educação é para raros, muito raros. E quando um jovem educado segura a porta do banco para a “idosa”? A velha grossa (e neste caso é velha…) acha que é obrigação e não agradece. Latinos e brasileiros, cruzes!
CUIDADO
Falei de educação aí em cima… É bom lembrar que as pessoas educadas, no ambiente de trabalho, por exemplo, aliás, em todos os lugares, são consideradas frágeis, trouxas. Muitos tentam se aproveitar delas, afinal, os educados são uns abobados, é o que os estúpidos pensam. E crianças educadas, no colégio são vítimas de bullying. Que alguns “punhos fortes” coloquem os “contraventores” no devido lugar. Ferro neles. Ferro, eu disse.
VÍTIMAS
Ouça esta manchete catarinense – “Mulheres que trabalham para aplicativos de transporte têm que lidar com casos de assédio moral e sexual”. – Ah, mas não mesmo, que elas dirijam os carros sem que os vagabundos notem e parem ou num posto policial ou de gasolina, desçam e denunciem os covardes. Na minha delegacia, eles iam conhecer o Zé do Porrete, ele dirige um “aplicativo”…
FALTA DIZER
Não sei se são as donas ou se são empregadas… Todos os dias, vejo mulheres que descem dos edifícios na Beira-Mar Norte, Florianópolis, para passear pobrezinhos cães de apartamentos. Descem com os bichinhos e ficam paradas conversando ou sentadas num banco… E o bichinho numa trela de meio metro, parado. Odiosas. E eles, infelizes…