Somos máscaras
Já pensei muito sobre isso, se eu soubesse de fato quem sou, ah, não estaria aqui agora. Estaria não sei aonde, tenho certeza, mas… Não tenho a mínima ideia de quem sou na verdade. Sou, sei disso, uma máscara, aliás, nada original em dizer isso, afinal, os romanos, de há muito, já disseram que somos “personalidades”, isto é, máscaras. A palavra persona, máscara, gerou personalidade.
Estou dando estas voltas porque acabei de ler uma pequena entrevista de um brasileiro que mora na Índia, a entrevista foi a um jornal de Porto Alegre. Ele se disse sem religião, mas que segue os preceitos Vedas, que, segundo ele, nos conduzem ao objetivo máximo na vida: a plenitude espiritual. E o caminho para alcançar essa plenitude é o autoconhecimento. Aqui eu faço um ponto.
Você lembra do preceito Socrático, aquele do – “Conhece-te a ti mesmo?”. Sócrates nos fazia pensar na importância de nos conhecermos, só que… Sócrates esqueceu que nossa base de personalidade, a máscara de que nos valemos no convívio social, nos foi imposta na primeiríssima infância, valores que nos impuseram os mais velhos que nos cercaram, nós sem qualquer defesa, crianças “desamparadas”. Impossível nos conhecermos fundamente, afinal, nossos valores não vieram de nós, vieram de “fora”, vieram dos velhos que nos cercaram na infância. Além disso, fazemos uso constante dos mecanismos de defesa do ego, mecanismos que funcionam no nosso inconsciente, sem que saibamos deles nem como funcionam, mas funcionam. Quer dizer, muitas das nossas ações estão dissimuladas por desculpas inconscientes, impossível ter acesso a elas. Como então nos conhecermos ao ponto de chegarmos a tal plenitude espiritual pregada pelos Vedas indianos ou por quem quer que seja? Somos pobres e indefesos robôs humanos, movidos por motivos, quase sempre, inconscientes, mas que pensamos ser de nossa livre escolha e decisão. Somos o que somos sem saber por que somos. Encurtando a conversa, impossível saber quem somos, pelo menos no sentido buscado pela psicologia socrática. Impossível, nem com psicanálise feita pelo próprio Freud. Não sei quem sou, só sei que sou um somatório de condicionamentos, tudo iniciado na primeira infância, no malsinado período de molde. Moldes alheios. Já fui mil vezes para a frente do espelho e me perguntei: quem tu és? E o espelho ficou em silêncio. Sábio…
SORTE
Melhor virar a cara para quem vive se justificando ser pessoa sem sorte para explicar seus fracassos existenciais. Sorte é expediente usado pelos perdedores. Aliás, alguém já disse que quanto mais lutamos e nos esforçamos por nossos sonhos, mais sorte teremos… Quer dizer, a tal sorte costuma soprar no rosto dos ousados e bravos. O resto é bando sem coluna vertebral, coitados, são sem sorte…
VIRTUDES
Duas ações, melhor dito, virtudes que nos levam à felicidade: ler muito e fazer poupança financeira. Todos podemos. Sem essa de que sou muito ocupado ou de que ganho pouco, seja qual for a desculpa, é desculpa. Não há ideias inatas, é preciso buscar os conhecimentos e ao mesmo tempo fazer poupança. Com isso, o sucesso está garantido, é só sentar e pedir um suco.
FALTA DIZER
Uma jovem idiota, uns 16 anos, atravessou a rua na frente do Shopping Beira-Mar, em Florianópolis, com fones de ouvido e celular na palma da mão, olhar fixo. Só que o sinal do semáforo não estava verde para ela. Um motoqueiro para não atropelá-la virou rapidamente para a direita e se esborrachou no chão. A infeliz seguiu em frente como se ela não tivesse nada com isso… Ordinária, como tantas e tantas e tantas…